quarta-feira, 10 de outubro de 2012

ADOTAREI O AMOR







Adotarei o amor e o escutarei cantando, e o beberei como vinho, e o usarei como vestimenta. 

Na aurora, o amor me acordará e me conduzirá aos prados distantes.
 

Ao meio dia, conduzir-me-á à sombra das árvores
 
onde me protegerei do sol como os pássaros.
 

Ao entardecer conduzir-me-á ao poente, onde ouvirei a melodia da natureza despedindo-se da luz,
e contemplarei as sombras da quietude adejando no espaço.
 

À noite, o amor abraçar-me-á, e sonharei com os mundos superiores onde moram as almas dos enamorados e dos poetas.
 

Na primavera, andarei com o amor, lado a lado,
e cantaremos juntos entre as colinas; e seguiremos as pegadas da vida, que são as violetas e as margaridas; e beberemos a água da chuva,
 
acumulada nos poços, em taças feitas de narciso e lírios.
 

No verão,
deitar-me-ei ao lado do amor
sobre camas feitas com feixes de espigas, tendo o firmamento por cobertor e a lua e as estrelas por companheiras.
 

No outono, irei com o amor aos vinhedos
e nos sentaremos no lagar, e contemplaremos as árvores se despindo das suas vestimentas douradas
e os bandos de aves migratórias voando para as costas do mar.
 

No inverno, sentar-me-ei com o amor diante da lareira
e conversaremos sobre os acontecimentos dos séculos e os anais das nações e povos.
 

O amor será meu tutor na juventude, meu apoio na maturidade, e meu consolo na velhice.
 

O amor permanecerá comigo até o fim da vida,
até que a morte chegue, e a mão de Deus nos reúna de novo.




Gibran Khalil Gibran

-->

Nenhum comentário:

Postar um comentário