terça-feira, 7 de abril de 2015

APRENDAM A REALIZAR A UNIDADE DE TODA A VIDA


A unidade da vida é o grande alvo da evolução terrestre. É ainda um longo caminho até ela, mas já existem alguns sinais visíveis. Continuem, pois, seus serviços amoráveis, amados amigos, que têm como objetivo chegar a uma situação em que a vida é respeitada e reconhecida, onde uns aprendem com os outros e o Amor dirige todos os atos. Procurem reproduzir a unidade no pequeno círculo, apesar de sabermos que na menor célula, a família, já é difícil conseguir a unidade de todos os membros. Porém, tentem, reiteradamente, também no círculo dos Alunos da Luz, conseguir unidade. Não se trata somente de união, mas muito mais de respeito pelo outro e Amor entre todos. De todas essas belas qualidades então deverá desenvolver-se a unidade.
Não foi em vão que falamos desses grandes alvos. Trata-se do empenho do Mundo Espiritual em estabelecer realmente a unidade das diferentes formas de vida. Cada uma tem sua tarefa inteiramente específica, porém, na convivência de todos esses seres diferentes deveria reinar uma certa unidade. Começa com o propósito de que nenhum ser vivo pode causar algum mal a outro, que cada um reconheça o outro, respeite seu trabalho e agradeça à vida pela própria evolução e pelos patamares já alcançados.
O alunos, o mundo ainda está afastado dessa situação ideal!
Procurem a unidade primeiro no silêncio. Comunicá-la em altos brados seria prematuro. Mas, em seus Serviços à Luz, vocês já ressaltam a unidade, portanto, ela crescerá aos poucos, até que as pessoas reconheçam que esse é também seu próprio alvo e que nunca mais causarão prejuízo a outrem.
Esse é elevado objetivo, e para ele se desenvolve toda vida em longos períodos, porém deveria estar brilhante diante de seus olhos. Comecem, cada qual em seu próprio ambiente, a estabelecer a unidade com toda vida, também a invisível, ela crescerá e algum dia se realizará. Desejamos a cada aluno o alcance desse alvo e de nossa parte oferecemos ajuda.
Boletins Ponte Para Luz
Luiz Cláudio Dias (Membro da Sociedade Teosófica pelo GET Florianópois de Florianópolis-SC)
Um dos conceitos esotéricos mais importantes para uma correta compreensão da realidade é o princípio da Unidade da Vida. É nele que estão alicerçados os ensinamentos mais profundos presentes nas autênticas tradições espirituais de todos os tempos e lugares, como também, na atual visão de mundo que emergiu da ciência a partir do início do século XX.
Percebemos a sua presença no Budismo, Taoísmo e Hinduísmo, nas correntes esotéricas do Cristianismo, Judaísmo e Islamismo, nas Escolas de Mistérios, nos ensinamentos teosóficos, nos movimentos da Nova Era, como o Holismo e a Ecologia Profunda, na Psicologia Transpessoal, na relatividade de Einstein e na revolucionária Teoria Quântica.
A idéia de Unidade é importante tanto para entendermos a sistemática da vida e seus mecanismos subjacentes, quanto para buscarmos um significado mais profundo para a nossa própria existência. A partir dela podemos encontrar respostas satisfatórias para aquelas perguntas essenciais que tanto atormentam as nossas mentes tão ávidas pela Verdade. Qual é o sentido da vida? Qual a nossa origem e destino? Existe um Deus que a tudo sustenta e cria? E talvez a pergunta mais perturbadora de todas, porque existe algo ao invés do nada?
Nós sabemos que o sentido último da vida é a evolução. Evolução de tudo o que existe, e a espécie humana não foge a esta regra máxima. Tudo está entrelaçado na vida, pois tudo advém de uma Fonte comum. Podemos chamar esta Fonte de Deus, Alá, Brahman, Tao, Absoluto, Meta-Universo ou Princípio Criativo Cósmico, não importa, são apenas palavras tentando nomear o Inominado. Citando o sábio chinês Lao-tzu, que tão bem soube expressar esta idéia: "O Tao que pode ser relatado não é o Tao eterno". É a tentativa inútil de penetrar no Uno através do universo das polaridades.
Entretanto, apesar da certeza do princípio evolutivo que vigora na criação e da sabedoria do plano divino, somos afrontados, diariamente, com uma realidade que parece ofuscar nossas crenças mais íntimas e a nossa esperança em um mundo melhor.
O caos que testemunhamos na atualidade, brutalmente marcada pela fome, miséria, pobreza, degradação ambiental e violência, contrasta, drasticamente, com o consumismo desenfreado, com a cultura do desperdício, com a concentração desigual de riquezas entre as nações e dentro das nações, com o esgotamento dos recursos naturais e, também, positivamente, com o surgimento das ONGs, com as campanhas de solidariedade para povos que enfrentam guerras e catástrofes naturais, e com o exemplo vivo de iluminadas criaturas que dedicam toda uma vida em benefício da humanidade. Ficamos abismados com os extraordinários avanços da ciência, mas sofremos com a possibilidade de uma guerra nuclear e com as conseqüências nefastas dos experimentos genéticos desprovidos de ética. Nunca tivemos tanta liberdade de pensamento, como também, acesso a um tão grande número de informações, porém, a ignorância, a intransigência e o fanatismo religioso ainda imperam.
Como justificar então esta inquietante presença do mal no mundo perante a suprema sabedoria, justiça e perfeição do Criador? Onde estaria a origem de tamanha contradição?
Para decifrarmos este aparente paradoxo da criação, devemos compreender que o mundo manifesto é regido pela interação dualística dos opostos, o bem e o mal, noite e dia, frio e calor, nascimento e morte. Nós vivenciamos a nossa realidade através desse aspecto, que é característica intrínseca do mundo fenomenal que nos cerca. Jamais poderíamos distinguir a luz se não houvesse a escuridão, nem apreciar a felicidade se não houvesse a tristeza. Dentro do contexto da Unidade toda o mal é relativo e aparente, apenas um aspecto complementar de outra possibilidade. Na dimensão subjetiva do imanifesto, todas as facetas polarizadas coexistem de forma indiferenciada, com suas infinitas possibilidades de manifestação. Tudo está latente em busca de expressão. Logo, o mal não faz parte da criação e sim das construções mentais da polarizada mente humana.
Devido a esta característica da nossa consciência, a percepção do Absoluto, da realidade última não-dual, exige uma experiência mística de transposição dos opostos, de superação da cisão entre o sujeito e o objeto, uma verdadeira união transcendente com o Divino. Nunca poderemos, com a nossa mente racional e polarizada, penetrar nos mistérios da Mente Divina e descortinar o milagre da criação. As motivações divinas fogem da escala humana. Podemos apenas sentir timidamente, nas profundezas da alma, a nossa intimidade com esta ilimitada força criadora, que exprime o seu potencial inexorável através da sua própria criação. Então, como atingir esta experiência mística de união, este sentimento profundo de identidade com o Criador?
O maior obstáculo que devemos superar nesta caminhada evolutiva, em direção a Unidade, é a nossa própria noção de separatividade, de enxergar os outros como diferentes de nós, e quando falo outros me refiro a todos as dimensões da vida. É uma grande ilusão, causa primordial de todos os sofrimentos humanos.
Dela advém o desejo de posse, posse de alguma coisa exterior, aparentemente separada, diferente de nós, seja um carro, uma relação amorosa, um novo emprego ou uma idéia dogmática. Com a posse chegamos ao apego, apego doentio ao objeto conquistado, com apego nos acompanha o medo, medo de perder aquilo que consideramos exclusivamente nosso, e com a perda sofremos intensamente, sofremos por ignorância dos princípios básicos que norteiam a existência. Tudo no plano fenomênico é impermanente, tudo está sempre em eterna transformação, nada possui existência própria ou isolada. São ensinamentos que fazem parte das Quatro Nobres Verdades budistas, proferidas por Sidharta Gautama, o Buda, no seu primeiro sermão, após ter atingido o estado de iluminação.
Para conquistarmos definitivamente este indescritível estado de consciência precisamos empreender uma autêntica alquimia interior, uma transformação profunda da mente, uma verdadeira revolução silenciosa. Esta tarefa exigirá de nossa parte um árduo e penoso trabalho de depuração e autoconhecimento, uma viagem de investigação meticulosa as regiões mais sombrias da alma. O resultado parcial é a aquisição das sublimes virtudes que elevam a nossa condição humana. Depois da fase de depuração chega o momento da entrega total, do esquecimento do eu, da sujeição da vontade pessoal à divina. E finalmente, quando transcendemos a barreira do eu e atingimos o sentimento profunda da Unidade da Vida, todo o egoísmo, toda a identificação, toda idéia de posse perde a sua força e somos inundados por uma sensação de plenitude e vinculação com toda a criação.
O grande prêmio por tal empreendimento é a plenitude do ser. É o contato permanente com o Absoluto. É a aquisição do Amor Universal, expressão maior do sentimento profunda de Unidade. É a extirpação definitiva do egoísmo, responsável pela ilusão da separatividade. A importância desse trabalho interior já era reconhecida pelos antigos gregos, como podemos constatar pela advertência que estava gravada na entrada do Templo de Delfos: "Homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses". Mas como levar essa transformação consciencial a um nível planetário?
Como o mundo exterior é um reflexo direto do estado de nossa alma, se um número expressivo de seres humanos conquistarem este nível superior de consciência, poderemos ingressar em uma nova era, onde os valores espirituais incorporados sobrepujarão a materialidade alienante, e a tônica da vida será o Ser ao invés do Ter. Quando chegarmos a este novo patamar evolutivo, a humanidade seguramente poderá esperar por um futuro mais venturoso.
Não podemos nos esquecer, entretanto, que todo o legítimo processo de transformação exige perseverança, disciplina, esforço e trabalho. Nada é outorgado por intermédio de qualquer procuração divina. Tudo é resultado do esforço próprio. Colhemos hoje os resultados de nossas ações passadas e plantamos no presente a nossa condição futura. O sofrimento, a dor e a dificuldade ainda são os maiores impulsionadores da evolução humana. Por este motivo, talvez a humanidade terá que passar por grandes sofrimentos e privações até que desperte para dimensão espiritual da vida.
Contudo, não devemos desanimar se esta meta pareça estar tão distante. Apesar de estarmos peregrinando por estas paragens a bastante tempo e sermos os cúmplices adormecidos da caótica situação que se encontra a espécie humana e o planeta, à nossa frente nos espreita a eternidade, e com ela uma infinidade de situações e experiências que, direcionadas pelas inexoráveis leis divinas, vão nos propiciar, no devido tempo, o crescimento necessário para o contato extasiante com o Absoluto.
Entretanto, além da certeza de estarmos inseridos em uma realidade maior, indissoluvelmente entrelaçada, que a tudo abarca, devemos reconhecer que esta mesma realidade é o resultado de um plano superior, indescritivelmente perfeito, incomensuravelmente belo, soberanamente justo, que insofismavelmente nos eleva rumo à perfeição. A convicção da existência deste plano é uma benção para que sigamos no caminho com confiança e determinação, pois quanto mais nos aproximamos do nosso destino, mais cooperamos com a sua sublime execução.
Então, qual o aspecto prático que inicialmente poderemos incorporar em nosso cotidiano para colaborar eficientemente com o plano maior da evolução, partindo da aceitação e entendimento do princípio da Unidade?
Indiscutivelmente a busca incessante da fraternidade universal, da reverência por todas as formas de vida. Com isso, o sentimento de compaixão inundará o nosso ser e o altruísmo se transformará na força motriz de nossas ações. Esqueceremos de nossas próprias necessidades e a nossa conduta será marcada por um senso de responsabilidade sem precedentes. Perceberemos que a nossa real felicidade é uma conseqüência direta do bem estar das demais criaturas e a nossa vida será totalmente direcionada para este fim. O exemplo de uma vida limpa, harmoniosa e dedicada ao nosso semelhante é o maior catalisador de transformações. Pois, em última instância, servir é uma decorrência natural da vivência da não-dualidade.
Para finalizar, busquemos na nossa própria tradição cristã, nas palavras inspiradoras do excelso mestre Jesus, uma síntese do princípio da Unidade: "A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim, e eu em ti, também sejam eles em nós". Pois, essencialmente, a Ele nunca vamos, Dele nunca saímos, pois estamos sempre Nele. Que a nossa maior motivação seja o Amor, e o nosso objetivo maior, a busca da Verdade.

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