Quando nos dedicamos, com o coração, à busca do
autoconhecimento, é inevitável que chegue um instante em que algumas mentiras
que contávamos para nós mesmos passem a não funcionar mais. Os disfarces até
então utilizados para fortalecer o nosso auto-engano já não nos servem.
Inábeis com a paisagem aos poucos revelada, às vezes ainda tentamos nos apegar
a alguma coisa que possa encobrir a nossa lucidez, embaraçados que costumamos
ser com as novidades, por mais libertadoras que sejam.
É em vão.
Impossível devolver a linha ao novelo depois que a consciência já teceu novos
caminhos.
Existem portas que se desmancham após serem atravessadas,como sonhos que se
dissolvem ao acordarmos.
Não há como retornar ao lugar onde a nossa vida dormia antes
de cruzá-las.
Da estreiteza à expansão.
Da semente à flor.
Do casulo às asas, ensinam as borboletas.
Ana Jácomo
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