sexta-feira, 8 de abril de 2016

“Exterminadores do amor”, a expectativa e o ciúme


Mesmo que consigas eliminar a necessidade das tuas relações com os outros e com Deus, poderás ainda ter de lutar contra a expectativa. Trata-se de um estado no qual acreditas que uma outra pessoa afectará de determinado modo a tua vida, e surgirá, ou deveria surgir, de determinada forma e com determinadas características.
Tal como a necessidade, a expectativa é letal. A expectativa reduz a liberdade, e a liberdade é a essência do amor.
Quando amas alguém, dás-lhe total liberdade para ser quem é, pois esse é o maior dom que podes oferecer-lhe, e o amor oferece sempre o maior de todos os dons.
É esse o dom que Eu vos concedo, sem que vocês o saibam, porque não conseguem conceber um amor de tal dimensão. Assim, decidiram que Deus vos concedeu liberdade apenas para fazerem aquilo que Ele deseja que façam.
Sim, é verdade que a tua religião afirma que te dei liberdade para fazeres tudo o que desejares, para seguires qualquer caminho. Contudo, volto a perguntar-te: se te torturo eternamente e te amaldiçoo para toda a eternidade por teres escolhido o caminho que Eu considero errado, ter-te-ei feito livre? Não. Fiz-te apenas capaz. Tornei-te capaz de escolheres qualquer caminho, mas não livre para o percorreres, se de facto te importam as consequências das tuas escolhas.
Em suma, vocês estão convictos de que Deus espera que façam as coisas à Sua maneira, ou não vos recompensará com o Céu. E a isto chamam o amor de Deus. Seguidamente, estabelecem nas relações entre vós as mesmas expectativas, e a isso chamam amor. Contudo, não se trata de amor em nenhum dos casos, já que o amor não espera nada além da liberdade, e a liberdade nada tem que ver com a expectativa.
Só abrindo mão das tuas expectativas poderás amar alguém tal como é. Mas só poderás fazê-lo, se te amares a ti próprio tal como és. E isto só é possível se Me amares tal como Eu sou. Para tanto, terás de Me conhecer tal como realmente sou, e não como imaginas que sou.
Assim, o primeiro passo para uma amizade com Deus é conhecer Deus, o segundo é confiar no Deus que conheces, e o terceiro é amar o Deus que conheces e em quem confias. E isso faz-se tratando Deus como alguém que conheces e em quem confias.
Conseguirás amar Deus incondicionalmente? É essa a grande questão. Vocês têm vivido na convicção de que a questão fundamental é: "Poderá Deus amar-nos incondicionalmente?" Contudo, a verdadeira questão é: "Poderemos amar Deus incondicionalmente?" Porque só poderão receber o Meu amor do modo como Me dão o vosso amor.
- Ena, que afirmação magnífica! Vou pedir-Te que a repitas uma vez mais. Não posso deixar que passe despercebida.
Só poderão receber o Meu amor do modo como Me dão o vosso amor.
- Suponho que o mesmo se aplica às relações humanas...
Claro que sim. Só podes receber o amor de outra pessoa do modo como lhe dás o teu. Os outros podem amar-te a seu modo tanto quanto o desejarem. Mas tu só podes receber esse amor a teu modo.
Não podes experimentar aquilo que não permites aos outros que experimentem.
E isto traz-nos ao último elemento da Minha resposta: o ciúme.
Ao decidirem amar Deus com ciúme, vocês criaram o mito de um Deus ciumento.
- Espera um pouco. Estás a dizer que temos ciúmes de Ti?
De onde achas que veio a ideia de um Deus ciumento?
Vocês têm tentado desde sempre cooptar o Meu amor. Têm tentado reivindicar, das formas mais cruéis, um direito exclusivo ao Meu amor. "Somos o povo eleito, a nação sob Deus, a única igreja verdadeira." E defendem ciosamente essa pretensa exclusividade. Aquele que afirmar que Deus ama de igual modo todos os povos, aceita todas as fés, abraça todas as nações, é considerado "blasfemo".
Dizer que Deus ama de modo diferente do que vocês prescreveram é uma blasfémia.
- George Bernard Shaw disse que todas as grandes verdades começam como blasfémias.
E estava certo.
Esse tipo de amor ciumento não é o Meu modo de amar - contudo, é assim que vocês o concebem, porque é assim que vocês Me amam.
É também assim vocês se amam uns aos outros, e isso está a destruí-los. Literalmente. O ciúme tem levado muitas pessoas a matar e a matar-se.
Quando amas alguém, dizes-lhe que deve amar-te a ti, e só a ti. Se essa pessoa amar outra, sentes ciúmes. Mas as coisas não terminam aqui. Tens ciúmes não apenas de outras pessoas, como também de empregos, passatempos, filhos - de tudo o que desvie de ti a atenção da pessoa que amas. Algumas pessoas chegam a ter ciúmes de um animal de estimação, de uma partida de golfe.
O ciúme assume diversas formas. Tem muitos rostos. E nenhum deles é belo.
Livro Amizade com Deus de Neale Donald Walsch

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