Precisamos colocar em prática a
realização de nosso potencial.
Estava
lendo a notícia sobre um encontro realizado alguns dias atrás com a presença
de Dalai Lama. Apenas um pequeno trecho já me
levou a inúmeras considerações, que gostaria de compartilhar com vocês.
Ele fala
sobre a diferença entre realidade e aparência, como isso age no nosso sistema
emocional e afeta o desenvolvimento que queremos para a vida.
Num certo
momento, ele declara que "O mais importante é que
tornemos nossas vidas significativas. Todos nós temos a natureza de Buda, mas é
preciso prática para realizar seu potencial."
Esse
conceito também foi expresso por Jesus, quando deixou a mensagem que temos em
nós a semelhança com o Criador, sendo portadores da mesma energia e potencial
criativos, e não podemos "enterrar nossos talentos", mas colocá-los
em prática e multiplicá-los, pelo aprimoramento constante de nossos valores e
virtudes, resultando em benefícios mútuos.
Vamos
analisar o que exatamente significa essa declaração.
A diferença que existe entre a
realidade e a aparência.
Dalai Lama continua:
"Um dos principais fatores dessa prática é adquirir
uma compreensão da realidade. Isso implica reconhecer a lacuna entre aparência
e realidade.
Como as emoções destrutivas são baseadas em nossa concepção errônea das
aparências, o antídoto para elas é reconhecer a realidade."
Da mesma
forma, em "Um Curso em Milagres" somos defrontados com a
distinção entre a realidade e a percepção, ou seja, a forma como percebemos o
mundo, a aparência que ele tem para nós.
"É assim que Um Curso em Milagres começa. Ele faz uma
distinção fundamental entre o real e o irreal, entre conhecimento e percepção.
Conhecimento é Verdade, e está sob uma única lei, a lei do Amor de Deus.
O mundo da percepção, por outro lado, é o mundo do tempo, da mudança,
dos inícios e dos fins. Ele se baseia em interpretação, não em fatos.
O mundo que nós vemos apenas reflete o nosso próprio referencial interno
- as idéias dominantes, desejos e emoções em nossas mentes. A projeção faz a
percepção.
Nós olhamos antes para dentro, decidimos o tipo de mundo que querermos
ver e então projetamos esse mundo lá fora, fazendo dele a verdade tal como
a vemos. Nós fazemos com que ele seja verdadeiro através de nossas
interpretações do que estamos vendo.
Se estamos usando a percepção para justificar nossos próprios erros –
nossa raiva, nossos impulsos para atacar, nossa falta de amor em todas as
formas que pode ter – veremos um mundo de maldade, destruição, malícia, inveja
e desespero."
Em outra palavras...
A
percepção nos mostra um mundo espelhado em nossos sentimentos. Quando
alimentamos sentimentos de medo, raiva e insegurança, percebemos o mundo da
mesma forma.
Somos
dominados e atemorizados por um mundo que nos assusta, onde nos sentimos
constantemente ameaçados. Impossibilitados de ver qualquer aspecto positivo,
vivemos tensos, ansiosos, temerosos, sempre acuados e na defensiva,
caracterizando as "emoções destrutivas" a que se refere Dalai
Lama.
Este tipo
de comportamento nos impede de vivermos uma vida significativa, isto é,
deixamos de exercer nossa mais alta aspiração, deixamos para trás nosso
propósito de vida, por que não conseguimos expressar a totalidade do nosso
potencial.
Não
conseguimos colocar em prática as qualidades e aptidões originadas das nossas
virtudes naturais. Exercitamos as emoções negativas, tóxicas e destrutivas,
vivemos em função de pensamentos originados por essas emoções. Enquanto elas
crescem, se avolumam e ramificam deixamos, ao mesmo tempo, as qualidades que
possuímos se atrofiarem pela falta de prática e de uso.
Para não perder a paz de
espírito.
"O segundo fator é o altruísmo. Podemos ver que aqueles que têm uma
visão mais compassiva são mais felizes e juntam outras pessoas ao seu
redor.", continua Dalai
Lama.
Se você é compassivo e altruísta, tudo tende a aparecer de maneira
positiva. Independentemente das dificuldades que você enfrenta, você não perde
a paz de espírito. Se, por outro lado, você está cheio de medo e suspeita, tudo
aparece sob uma luz negativa.
De fato, desde o nascimento temos o potencial de desenvolver valores
internos, como a compaixão, que produz paz de espírito."
As
virtudes são a realidade de nosso ser, é a realidade da nossa essência, cujo
mistério aqui estamos para desvendar.
As faces
sombrias e negativas de nossa personalidade não devem ser motivo de vergonha
para nós. É através de delas que vamos nos descobrir como o que não somos, para
chegar à conclusão de quem somos.
A prática
da percepção tem um fundamento educativo, mas não devemos estacionar nesse
estágio onde proliferam nossas imperfeições, nossos valores ainda não
desenvolvidos. Quando começamos a reconhecer a realidade do potencial que
podemos ser, nossos aspectos sombrios vão sendo envolvidos e integrados.
Pela
prática das virtudes como a bondade, a compaixão, o amor, exercitamos e fazemos
crescer cada vez mais esses valores, que nos permitem dar uma outra dimensão à
vida.
Ainda que
exista maldade, mesquinharia e outros que tais criando sofrimento no mundo, não
somos parte desse movimento. Ainda que soframos os seus efeitos, não somos os
causadores. E, naturalmente, quanto maior o número de pessoas voltadas a
exercitar a prática do bem em todas as suas formas, tanto menor será o
contingente atuando pelo desequilíbrio.
A verdadeira prática é
transformar nossa mente e emoções.
“Eu acredito fortemente na unidade de toda a humanidade. Como seres
humanos, somos todos iguais”, explicou Dalai.
Segundo
ele, devemos dar mais atenção ao real significado dos ensinamentos espirituais,
não apenas aos seus rituais. "A verdadeira prática é transformar
nossa mente e emoções."
Essa é
uma atitude que não pode ser imposta. Cada pessoa tem capacidade, inteligência,
discernimento, para escolher seu caminho, tomar suas decisões e imprimir o
ritmo de sua jornada.
Independente
da forma escolhida ou do tempo que se leve, a integração da consciência na
Verdade da vida é certa.
Noemi C.
Carvalho
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